Coloquei minha cabeça debaixo do travesseiro pra tentar abafar o grito dos pensamentos que ecoavam dentro dela. Eles gritavam questões sobre as diferenças entre céu, terra e inferno, razão e emoção, dor e alívio, alegria e tristeza, amor e ódio. Mas particularmente era tudo sobre o amor, a reflexão e o motivo da minha insônia.
Cansei de me contrariar toda hora, cansei de oscilar entre o sim e o não, pensar positivo também não me ajudou, mas talvez fosse tudo uma fase e que logo tudo isso iria passar. Pois é, não passou.
Mas diante de toda essa bipolaridade emocional pude enxergar uma única e certa verdade : Se tivesse chance, escolheria ser o Homem de Lata, que não possuía um coração, logo não poderia amar, do que ser a própria Feiticeira Branca, que, mesmo com um coração pulsando forte dentro de si, não amava, não sentia, não demonstrava nenhum sentimento de afeto, pois é feita de gelo e angústia.
De repente nem o silêncio, nem o escuro e nem a solidão me assustava tanto quanto a possibilidade de que essa conclusão fosse mesmo uma verdade convicta. Que meu maior defeito fosse esse : ser dura, fria, incapaz de amar e incapaz de me permitir. Um defeito inevitável, que photoshop nenhum arruma, nem palavras mudam, cicatriz que só o tempo cura.
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